12 de agosto de 2014

Uma nova chance. A chance de mudar.

Após todos esses relatos do mochilão que eu fiz pela Bolívia, os quais acredito terem sido muito importantes para mim - por poder compartilhar e contagiar quem leu com tantas coisas boas -, volto a escrever sobre minhas opiniões, minhas críticas, meus pensamentos, minhas inquietações.
Já venho há um bom tempo tentando pôr o que está na minha cabeça em forma de palavras aqui, mas não sabia como. Acho que hoje finalmente consegui aliar tempo com inspiração (tomara).

Um resumo de um fato, para tentar demonstrar tudo o que se passava pela minha cabeça nesse tempo: há alguns meses sofri um acidente de carro, no qual perdi o controle dele, indo para o trabalho. Ele capotou e ficou de lado, com todos os vidros quebrados, menos o meu. Tudo o que estava dentro dele voou, mas nada me acertou. Abri olhos assustado, mas ileso, sem nenhum corte. Estava dentro da velocidade permitida, não-alcoolizado e com cinto de segurança. Talvez isso tenha me salvado. Talvez não seja isso.

Conversando com o meu pai, nesse último domingo (Dia dos Pais), ele me disse o seguinte: "Agradeça a Deus por essa oportunidade, essa nova chance. Com uma velocidade um pouco maior talvez você não saísse tão bem". Se também naquele milésimo de segundo eu não tivesse conseguido desviar do carro que vinha na sua direção, meus problemas seriam muito maiores. Pode ser sorte. Pode ser destino. Eu prefiro acreditar que não era minha hora e que Deus sabia que minha missão ainda não havia sido cumprida. Coincidentemente (ou não) o acidente ocorreu na frente de uma igreja. Uma grande lição ficou. Vários pensamentos vieram à tona e minhas reflexões se multiplicaram. Te convido a participar de parte delas.


Mandela: um espelho.


Após tudo isso, decidi tentar mudar algumas práticas e pensamentos na minha vida. Se era uma nova oportunidade, eu não podia fazer o mesmo. Hoje não quero que os sentimentos ruins cheguem perto. Se chegarem, quero saber lidar melhor com eles. Quero viver melhor. Quero ser mais feliz! Positividade é a palavra. Fluidez é um auxílio.

Mas não acho que vou conseguir me sentir 100% bem e 100% feliz sabendo que outros não têm o que eu tenho. As mesmas condições. As mesmas oportunidades. Poderíamos pensar "bom, a culpa e/ou o problema não é meu". E se de fato não for mesmo, será que nossa ajuda, nossa vontade de fazer tudo isso ser revertido não vai refletir num bairro, cidade, estado, país, mundo melhor para nós mesmos? Ação e reação.

Me agonia muito e não consigo encontrar um motivo claro para poucos terem muito e muitos terem pouco ou nada. Por países esbanjarem água enquanto outros limitam-se a filtrá-la de uma poça. Por muitos desperdiçarem alimento e outros recorrerem à bolacha de barro. Será que realmente precisamos de todos esses bens materiais? De toda essa abundância? Isso não está certo. A conta não fecha: "Transformar milhares em milhões, casar com uma modelo, ter alguns filhos.
Bem, eles têm sonhos também. Eu posso imaginar." (SOJA - Everything Changes)

Enquanto a fome e a pobreza existirem eu não consigo me sentir bem. Incomoda. A culpa não é de quem está nessa situação injusta para qualquer ser humano, como muitos acham. Ninguém merece isso. Se falta oportunidade, porque nunca houve um movimento em massa para se criarem essas oportunidades? Políticas fortes e eficazes para isso? Um fomento mundial para essas condições básicas de vida? Não somos um só mundo? Utopia? Eu prefiro ir com o John Lennon e crer que é possível.

Você já parou pra pensar nessa dicotomia de uma simples noite fria? Enquanto nós estamos colocando três cobertores para nos esquentarmos mais e conseguirmos dormir, o que é possível para quem não tem esses três cobertores? Passar frio e fome é cruel demais. Morrer assim é inaceitável para mim. O pior é pensar que há pessoas ruins de coração a ponto de abandonar crianças e animais. Deixá-los a mercê de tudo isso. 

Bom, não quero fazer deste um post melancólico. Mas que instigue a reflexão e motive a revolução... Nunca é tarde para agradecer tudo o que temos e valorizar isso ao invés de reclamar do que não temos. É interessante pensarmos que enquanto deitamos nos nossos travesseiros e pedimos um dia seguinte agradável, outros só pedem a chance de ter mais um dia. 

Eu costumo dizer que não quero ser uma peça do jogo, mas quero jogar. E jogar do jeito correto,
do jeito justo. O futuro para mim ainda não está muito claro, mas sei que essas minhas inquietações vão me dar forças pra viver e agir. Não sei o que eu vou fazer pra mudar, mas vou fazer. Podemos fazer juntos?  :)





Essas palavras acima tiveram grande influência desses dois vídeos abaixo. O primeiro é do Eduardo Marinho, um cara inspirador para mim. O segundo, que não consegui anexar aqui, mas deixei o link, é de um dos fundadores do TETO, a melhor e mais impactante ONG que já conheci. Vale a pena aprender com os mesmos. 


 





Obrigado por tirar uns minutinhos para essa leitura. Espero que não tenha sido uma perda de tempo. Espero que alguns dos meus pensamentos não sejam exclusivos. Até mais!