17 de julho de 2011

O essencial é simples



   Hoje aconteceu uma coisa que me fez pensar muito sobre, no caminho pra casa. Fazia tempo que não refletia tanto.

   Na minha recente rotina a Praia de Leste encontrei novamente a pessoa que está por lá todos os dias, no mesmo local. O motivo? Na avenida principal desse balneário está localizada a 'casa' dele:
uns seis metros quadrados que se resumem a um banco com cobertura. Ou pra ser mais objetivo, um ponto de ônibus. Quais são as propriedades dele? Carro? Bicicleta? Cozinha? Quarto? Video-game? Computador? Não, a roupa do corpo, outras três peças, garfo, faca, prato e um cachorro.
Não sei o porque ele vive ali, não sei o que fez da vida e se um dia souber, não vou julgar por isso, mas me colocando no seu lugar e imaginando viver daquele modo por um dia já é muito difícil.
Já pensou como deve ser o dia de alguém que acorda na rua, vai aos restaurantes pedir resto de comida e nas outras horas se desloca pra lá e pra cá, sem rumo algum?
Terrível.
   Comecei a pensar nisso tudo após comprar um pacote de bolacha e ir esperar o ônibus pra Pontal do Sul.
A fome já tinha passado e o pacote já estava enrolado pra trazer pra casa. Fiquei com dúvida se ele aceitaria ou não o que eu não queria mais, se entenderia como ofensa ou como presente. Ele aceitou na hora e abriu um largo sorriso. Quanto vale um pacote de bolacha pra nós? 1 real? Um jeito de 'enganar o estômago'? Pra outros pode ser a refeição do dia. É difícil imaginar... Isso tudo me fez pensar no porque as vezes somos tão exigentes com coisas tão fúteis, como somos reféns de coisas que nos acrescentam infimamente na vida. Pode não ser muita coisa pra quem está lendo, sei lá, pra mim foi algo forte e importante.
   Forte talvez pelo que deixei de falar até agora.
Já conheço essa mesma pessoa desde o ano passado, ele já 'morava' lá e eu já precisei pegar ônibus naquele local. Eu estava perdido, não sabia que horas o ônibus iria passar e já estava cansado de esperá-lo.
Já tinha fome, cansaço e o sol forte já incomodava. Então passou esse senhor, sorriu e cumprimentou.
Respondi o cumprimento. Depois de alguns minutos ele voltou, viu que eu estava preocupado pela demora e perguntou: "Você está precisando de algo?"
Respondi que não precisava não, só de um ônibus pra me levar. Ele sentou do meu lado, deu um tapinha nas minhas costas e disse "Você sabe que eu gosto muito de você, né meu filho?"
   Aquilo foi inesperado. Diferente, mas bom. Nunca tinha sentido o que eu senti naquela hora. Tirem as conclusões que quiserem...

Reflitam se desejarem, pensem no que foi escrito aqui. Espero que o post passe alguma mensagem boa, que mude um pouco o pensamento do leitor, que seja útil.
Obrigado e bom segundo semestre a todos (:


3 comentários:

  1. Isso já aconteceu comigo. Eu estava lá em Jaraguá, indo para a casa duma amiga, comendo uma maçã, quando passei por um morador de rua. Fui adiante, mas parei, pensei... "Acho que ele ficaria feliz com essa maçã tão suculenta e gostosa". Então voltei e dei para ele, mesmo mordida. E ele me deu um largo sorriso agradecendo muito! Esse foi um dos melhores dias da minha vida! Um dia que jamais esquecerei... =D

    ResponderExcluir
  2. "Isso tudo me fez pensar no porque as vezes somos tão exigentes com coisas tão fúteis, como somos reféns de coisas que nos acrescentam infimamente na vida."

    Me identifiquei bastante com essa parte.

    Venho observando uma mudança enorme em mim desde Novembro do ano passado. São tantas coisas quando paro para pensar. Em casa, na faculdade, em relacionamentos. E isso é tão bom. Quando a gente procura relevar mais as coisas; estressar menos; ser mais participativo na sociedade; parar de rotular cada ação, cada coisa; fazer o que temos vontade, tirar a ideia do papel sabe.. Isso muda o nosso dia a dia.

    Um dia eu estava na passarela do metrô na estação Maracanã e veio uma menina me vender bananada. Como eu não queria, foi intuitivo "Não, obrigada." Mas aí ela parou, sentou e disse: "Se ao menos eu estivesse com o meu engraxate, seria mais fácil o dia de hoje." Eu só tinha 10 reais na carteira. Não tinha moeda e nenhuma nota menor. Bom, a minha passagem de volta eu tinha (em créditos no cartão do metrô). Peguei os 10 reais e dei para ela. Ela me deu um sorriso tão doce e nem estava acreditando.

    Se foi a coisa certa ou não, eu não sei. Tive vontade e fiz, e como de costume, não me arrependo dos meus atos.

    Gostei do que escreveu. Vou dormir depois dessa leitura e isso vai ser muito bom!

    ResponderExcluir
  3. São esses pequenos e simples episódios de epifania que fazem-nos refletir sobre o que é importante na vida e como podemos ser tão egoístas, às vezes.

    Penso que Deus sempre manda esses sinais para fazermos uma análise da vida que rotineiramente seguimos (:

    Gostei do texto Bryan! Abraço

    ResponderExcluir